Acerca de mim

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Poeta por inspiração e imposição da alma... Uma pessoa simples, que vive a vida como se fosse a letra de uma canção, o enredo de um filme, a preparação para uma vida superior, à espera da eternidade e do encontro com o Criador.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Nada

Nada... e é tudo,
tudo o que me dás;
mas mesmo assim não mudo,
sei que um dia tudo me darás...

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Navego à deriva

Navego à deriva nas marés de nenhum mar
numa jangada de pedra que procura naufragar.

Incendeio as águas que flamejam tempestades
e os meus olhos se fecham procurando as verdades
que mentes quando não vejo as mentiras que há em ti
e iludo as carícias que de ti não recebi.

E é mentira, mentira, é mentira
tudo que vem de ti me mente e me engana
e nada me revela a verdade distorcida
com que me ofereces o amor e uma cabana...

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dia 13, dia bonito


Hoje quero cantar amores
repartir sorrisos e alegria,
mandar embora todas as dores,
porque este é um grande dia!

É dia 13, dia bonito
dia grande e radioso
abençoado e bendito
por Deus Todo-Poderoso.

Porque este dia assinala
a data em que nasceu
a querida Helô Spitali
que é um lindo anjo do Céu!

Parabéns, querida amiga!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Empresto as minhas mãos


(Dedicado a Florbela Espanca)

Empresto as minhas mãos
As minhas grossas mãos, tão calejadas
Àquela que sofreu desilusões
E cedo se contou entre as desgraçadas:
As sofredoras mulheres que cedem às paixões
E morrem por amor…

Empresto-lhe as mãos,
As mesmas que escreveram sonhos meus
Tão similares aos que li e eram seus,
Que li, reli e que conheço muito bem…

Empresto-lhe as mãos…
E as minhas pobres mãos passam a ser dela,
E já nem sei se serei eu ou se é ela
A que escreve nestas linhas de ninguém…

(Felipa Monteverde)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Quem sou


Viajei no infinito
à procura de quem sou ou eu seria
se não tivesse sido quem eu era
e já não sou... quem o saberia?

Decerto eu não sabia
nunca conheci tais desenganos
apenas soube sempre que não sou
quem eu tenho sido nestes anos...

Mas, quem sou... não sei
desconheço tal mistério em que vivo
apenas sei que não sou o que sou
e que ser quem sou não me é permitido...

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Myebook - Poesia infantil

Siga o link e veja a surpresa que eu tive:

Myebook - Poesia Infantil

É óptimo ver reconhecido o nosso trabalho, agradeço a quem teve a ideia e colaborou na edição do livro. Parabéns aos meninos que fizeram os desenhos, estão muito bem feitos.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Constelações

Hoje trago um poema que me tocou bem fundo.
Esta jovem poetisa escreve coisas que fazem pensar, escreve poesia verdadeira.
Tirando uns defeitozinhos de português (que nem sei se são mesmo defeitos ou se é por ser em português do Brasil, bem diferente do de Portugal) eu acho que ela é, das pessoas que conheço, uma das que escreve melhor. E tem apenas 14 anos...

CONSTELAÇÕES

As estrelas brilham bem longe de mim;
Talvez ela também me ache mais uma fútil mortal.
Eu tento fazer as coisas certas, em seu lugar.
Eu tento ser sempre melhor no meu possível.
Não há chance de agradar a todos. Nunca acontece.
Nem mesmo quando tentamos.
As coisas passam por mim.
Evoluem antes da minha metamorfose.
É tão agonizante ser inferior, ser objeto de piadas e risos,
mas só dessa forma aprendo.
E enquanto as estrelas brilham e riem de mim,
eu não consigo deixar de olhá-las e sonhar com o seu brilho.
Sonhar com apenas uma, que já foi uma filha.
Nem o sol, nem a lua me agradam tanto.
Ao menos sei que O Criador de nós duas é um só: Deus.
E um dia brilharei mais que o sol em Seus Braços.

Autor: Isabela

Visite o blog dela http://minhasletrasaqui.blogspot.com/

sábado, 20 de novembro de 2010

O amor perfeito!

O amor...
Não nasce assim... De surpresa.
Ele é fruto de sinceridades
Mutuamente sentidas.

É todo um magnetismo
Na ofuscante descoberta
Em que a cada troca de olhar
Verifica-se o amor crescendo.

Não é apenas um tocar.
É também um eterno
Pensar e sentir.

É todo um ato de confiança:
Um entregar por inteiro,
Sem ter que temer o falso amor.

Autor: Luís Antonio Rossetto de Oliveira

(http://luisantoniorossettodeoliveirapoesia.blogspot.com/2010/11/o-amor-perfeito.html)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Caminho de sonhos e ilusões - II

Vejam a versão que a amiga Helô fez do poema da mensagem anterior:

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Caminho de sonhos e ilusões

Caminhei pelos meus sonhos e notei
que esse caminho se eternizava
em cada desilusão que encontrei
quando atrás de um sonho caminhava.

Mas não pretendo deixar de aí andar
nesse caminho de sonhos e ilusões
pois por cada desengano que encontrar
encontrarei também outras paixões.

Paixão de amar, paixão de rir
paixão de continuar a caminhar
num mundo onde há sempre a descobrir
novas formas de viver e de sonhar...

(Felipa Monteverde)

domingo, 14 de novembro de 2010

Presente de aniversário do blog


Presente de aniversário da Helô, a querida amiga de Além-mar.
Obrigada, amiga, beijinhos

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Aridez

Era o vento nos meus sonhos
e eu sonhava contigo
em desertos horizontes
onde eu tinha adormecido.

Sonhei vales e desertos
planícies longas, charnecas
e tinha os olhos abertos
tinha as minhas mãos tão secas...

Era o vento nos meus sonhos
e eu não tinha adormecido...

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cravo encravado

A sensação
que me assola o coração
é de uma tremenda solidão
ao pé de ti.

Sei-me sozinha
mas não sou coitadinha
não permito que a minha
vida se espraie por aí.

Sofro calada
mostro-me risonha e agradada
rio-me por tudo e por nada
mas por dentro morri.

Morri de amor
ou melhor, de um desamor
que me cravou no peito esta dor
e a deixou aqui.

Cravo encravado
no meu coração, neste meu lado
que mesmo sabendo-se enganado
só te quer a ti…

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Adeus, futuro e sonhos


Adeus, futuro e sonhos,
Que a vida me desprendeu;
Não me atraseis a partida
Deixai-me ir na subida
Que me esperam no céu…

(Felipa Monteverde)

sábado, 2 de outubro de 2010

Cirandas

Queria dizer-te tantas coisas
falar-te dessa rosas que nunca me ofereceste...
Dizer que as minhas noites são silenciosas
esperas lacrimosas por dias em que não apareceste...

Não sei por onde andas
em que portas ou varandas se esconde o teu sorriso...
e permaneço aqui, chorando em noites brandas
revendo mil cirandas a que me ato e escravizo...

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Fraqueza

Na fraqueza de um sujeito
Que se sujeita ao que tem
Eu não sei qual o proveito
Qual o mal e qual o bem.

Na angústia de um coração sofrido e dolorosamente sangrando, deposito a lembrança de um amor que não pensei e não sonhei, na quimera indesejada que em solo infértil semeei.

Não quero indiferenças nem sentidos indiscretos que me mostras e ostentas, como um estandarte ou hino que a vida me roubou e a que me atou, nestas negruras de ignorância e providências, sem cautelas nem cuidados nem fragrâncias que o teu falso amor me descobriu e me roubou.

Sofro penas, desamores e descrenças de uma vida sem passado ou redenção sem ter fé ou devoção ou emoção por um amor que não anseio e até rejeito…
E me correm pelo peito seivas que não conheci, de teus ódios, desamores e vinganças com que pagas o amor que te votei e redimi quando entreguei ao que sabia o que ignorava e nunca vi.

Na fraqueza da pessoa
Que se sujeita a alguém
Eu não vejo coisa boa
Não vejo males por bem…

(Felipa Monteverde)

À distância

Moras à distância que te esconde
dos sonhos que não quero
e deixas-me à mercê dos meus sentidos
onde o vento é o meu segredo.

Sei o sopro do amor que te votei
sem pretender ser mais do que devia:
apenas alegria, apenas sensações
bafejadas na sorte que eu não tinha.

Amei-te a um só olhar
perdi meu pensamento no teu rosto...
e calei o meu sentir dentro do peito
que este amor é para mim mais um desgosto…

(Felipa Monteverde)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sede

Às vezes quero conseguir tudo...
Quero chegar longe, viver muito, sentir tudo.
Quero amar e ser amado com paixão...
Ter dias mais longos. Rir com toda a pujança
Conseguir metas seguir sempre em frente com novas metas no horizonte.
É urgente novas metas e novos horizontes....

Vejo-me como peregrino, arquitecto, amigo, aventureiro, amante, discípulo...
Vagabundo do nada...
Sinto-me leve a caminhar nesta terra de desejos, onde a sede volta a acender-se... Onde nada me satisfaz....
Habitar nesta terra faz-me sentir vivo, faz-me encontrar motivos para avançar.
Mas...

Por Sandro

(Retirado de http://comunidadeseeu.blogspot.com )

sábado, 4 de setembro de 2010

Peço à vida em alimento


Peço à vida em alimento
O fogo desta paixão
Onde morri sem lamento
Onde vivo em doação
Pelas fontes da desgraça
Que me impelem a beber
No sangue da sua taça
Na mágoa do seu sofrer.

Esperei por toda a vida
Quem nunca há-de chegar
E esta espera me convida
A deixar de tanto amar
A deixar de querer tanto
Quem não quer ser meu um dia
A calar fundo meu pranto
A morrer nesta agonia...

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alimento

Disse-me a vida
(que me quer abandonar)
que sou eu que a afugento
ao rejeitar
o calor que o teu peito me quer dar.

Pobre vida
que se dá em alimento
a quem rejeita já essa comida…

(Felipa Monteverde)

domingo, 18 de julho de 2010

Sem retorno

Fugiram, sem retorno,
todos os passos que dei;
deixaram-me sozinha, ao abandono
abandonando os sonhos que lhes dei.

Fugiram, para procurarem
outros sonhos, outros passos;
deixaram-me aqui só, sem se importarem
com o vazio imenso dos meus braços…

(Felipa Monteverde)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Despertar

Havia a tua voz
havia o teu odor
mas o tempo e a distância levam tudo
e adormecem o amor.

Acorda, amor, acorda
chegou o tempo e à distância somos nós
frente a frente à mesma porta
sem coragem para a abrir
e os olhos já despertos pela dor...

Porque havia a tua voz
porque havia o teu odor
Mas o tempo e a distância levam tudo
e o que fica é raiva e fúria e amarga dor
em que adormece um grande amor.

Acorda, amor, acorda
abre os olhos, abre a porta
deixa-me entrar no teu silêncio
deixa-me abraçar a tua imagem
que o tempo e a distância levam tudo
levam tudo mas não levam esta dor.

E havia a tua voz
e havia o teu odor…
Abre a porta, abre a porta
foge ao tempo e à distância
e acorda, meu amor…

(Felipa Monteverde)

sábado, 12 de junho de 2010

Por todos esses pecados (Hasta mi final)


VERSÃO DA LETRA EM PORTUGUÊS

Por todos esses pecados
Que cometeste por mim
Acenderei cem mil velas
Na escuridão sem fim
E alumiarei a estrada
Onde passas sem me ver
Serei a candeia acesa
Lume para te aquecer.

Nesses pecados e nessas velas
Eu vejo a vida que por amor te entreguei
E hoje mostro quanto te quero
Dando-te a luz que em mim apaguei.

Por todos esses pecados
Cometidos sem razão
Oferecerei mil flores
Para obter o teu perdão.

Nesses pecados e nessas flores
Eu vejo a vida que por amor te entreguei
E hoje mostro quanto te quero
Dando-te a luz que em mim apaguei.

Nesses pecados e nessas velas
Eu vejo a vida que por amor te entreguei
E hoje mostro quanto te quero
Dando-te a luz que em mim apaguei.

E hoje mostro quanto te quero
Dando-te a luz que em mim apaguei.

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Conversas

Conversando contigo
aprendo a ler
e a conhecer
o teu livro.

Nestas conversas
fico a saber
aprendo a ler
as tuas letras.

Ao conversarmos
leio tudo
e o que falamos
permanece mudo
porque eu aprendo
a ler o livro
em que me iludo…

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Perdi tempo

Perdi tempo na vida que não mais recuperei
só por haver sido crente
num amor que já matei...

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Identidade

No princípio, eu não existia
Era uma coisa que não era
Gerada numa concepção de azia
Nasci num dia de Primavera.

Nasci, mas nunca pude existir
Não havia um lugar que fosse meu
Nem berço, nem carinho p’ra sentir
Que era bem-vinda…
Ninguém um lugar me deu…

Crescendo, comecei a procurar
A minha identidade, quem eu era
Até a realidade me mostrar
Que ninguém estava à minha espera.

Agora eu já sei o que pensar:
Sei que sou de mim mesma, ninguém mais
Entenderá aonde eu quero chegar…
Cresci sem nascer de nenhuns pais.

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Águas passadas

Enxugo as minhas lágrimas
Com os sonhos que acalento
E deixo os meus ais
Serem levados pelo vento.

Dou o sentido à vida
Sentindo o que ela me dá
Alegrias e tristezas
Que nenhuma seja vã.

Enxugo sempre o meu choro…
Seco as lágrimas choradas
Sem lamentos ou remorsos:
São tudo águas passadas…

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

EU HOJE FAÇO ANOS!

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A minha grande amiga Helô enviou-me estas lembranças, que agradeço enviando um grande beijinho para ela, com todo o meu carinho. Valeu, viu, amiga?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Flor de Maio

Não quero que me conheçam
Apenas quando eu morrer
Porque então já será tarde
Para alguém me conhecer.

Nem quero que então me estudem
Numa patética obra
Ou nos meus versos procurem
Reconhecer-me de sobra…

Porque eu não sei quem eu sou
Mas sei quem nunca serei
Sei que ninguém aceitou
Que eu seja o que me criei.

Que eu seja como hoje sou
Vivendo sem estar viva
Sendo algo que se criou
Por não ter alternativa.

Eu nunca soube quem sou
Só soube o que me esconderam
E a minha alma buscou
Direitos que lhe não deram

Mas nunca me conheci
E descobri, por acaso
Que flor de Maio nasci
Mas sem direito a ter vaso…

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pedido

Eu não quero que você seja eu
Eu já tenho a mim.
O que quero é que você chegue
Com seu poder de chegar
E de me devolver para mim.
Que você chegue com seu dom
De também me fazer chegar
Perto de mim...
Pra me fazer ver o que sou e que só você viu.
Pra eu ser capaz de amar também
O que só você amou.
Eu não quero que você seja igual a mim.
Eu já tenho a mim.
Não quero construir uma casa de espelhos
Que multiplique a minha imagem por
todos os cantos.
Quero apenas que você me reflita
Melhor do que julgo ser.

(Pe. Fábio de Melo, em "Quem me roubou de mim?")

domingo, 25 de abril de 2010

Abril


Era Abril
Abril das águas mil
e de uma velha
que queimava um carro e um carril...

Foi Abril
Abril de um povo unido
“Somos livres”
que não mais quis ser vencido...

E é Abril
num país que foi de caravelas...
Mas será que significa
algo mais do que uns cravos nas lapelas?

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O achamento

No ano 2000, aquando das comemorações dos 500 anos da Descoberta do Brasil, não sei a que propósito em Portugal toda a gente dizia "achamento". Eu achei esse nome inapropriado e na altura compus estes versos, que nunca publiquei.
Ontem foi mais um aniversário, mas eu só hoje me lembrei disso e resolvi publicar aqui esses versos.
Espero que os meus amigos brasileiros não se ofendam...

O Achamento

Achamento, dizem que foi achamento
O que sempre tinha sido descoberta
Mas eu, que não tenho a mente aberta
Continuo a achar que foi descobrimento.

Perdoem o meu fraco entendimento
Minha esperteza é sol de pouca luz
Mas penso que o caso de Vera Cruz
Não foi achado, foi antes descobrimento.

Se bem entende o meu fraco entendimento
Descobriu-se a terra do pau-brasil;
Álvares Cabral, dia vinte e dois de Abril
Ano da graça era o de mil e quinhentos.

Não achou, porque não estava perdido
Mas descobriu, e ficou feliz decerto
Ao saber o que tinha descoberto:
Vera Cruz, por Brasil mais conhecido.

Já me chamam nomes feios, pela certa
Admito não ter mui entendimento
Mas não gosto da palavra achamento
Para mim o vero nome é descoberta…

(Felipa Monteverde)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Voltas da vida

Dou voltas de mim na vida
Sem saber que horas me são
Se são horas da saída
Se serão horas ou não
Meus olhos vão de partida
E eu nem sei por que se vão
Se partem ou é fugida
Para longe de onde estão.

Dou voltas de mim na vida
Sem saber que horas me são
Se horas de despedida
Ou horas de solidão
Na minha alma ferida
Pelos punhais da traição
Onde a mágoa é desmedida
Onde a dor é compaixão
Mas nas voltas que há na vida
Outras horas voltarão...

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Eu gostava de ser como as papoilas


Eu gostava de ser como as papoilas
De aveludadas hastes e corolas
Ondulando ao vento no meio dos trigais...
Ter a cor do sangue e da esperança
E viver a vida como quem a dança
Sem me importar de enredos ou finais.

Ser papoila ondulando ao vento
Numa seara de trigo em movimento
Ao sabor do tempo e da aragem…
Que bom seria ser como as papoilas
Que apenas têm de ser lindas e tolas
Bailando ao vento a duração desta viagem

Que é a vida, com passado e com futuro! …

Mas as papoilas também sofrem maleitas
E a foice espreita o trigo já maduro
Ao começar o tempo das colheitas...

Foices ao punho de bonitas moçoilas
Que ao cortarem trigo cortam tudo,
Até lindas papoilas, até lindas papoilas…

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Recado aos amigos distantes

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1951)'

(Cortesia da amiga Helô Spitali)

terça-feira, 30 de março de 2010

Arca das lembranças

Tudo ponho na arca das lembranças
Onde guardo recordações de um tempo que passou;
Quando já não somos crianças
Somos apenas a infância que restou...

A minha arca está cheia de papéis
Onde eu havia escrito sonhos vãos;
Tudo nela guardo, meus medos e anéis
Meus distantes vestidos e os teus nãos.

Tudo ponho nessa arca, que agradece
O espaço que roubei dentro do tempo
Pra lhe dar…
Quando a saudade esquece
Resta a matéria, que recordará momentos
Gotejando essa lembrança devagar…

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Incandescência

Tenho um sonho incandescente
que me ofusca o ideal de amar
dois olhos que não sei se são de gente
ou se serão estrelas a brilhar...
nem sei se vejo esse brilho realmente
ou se percebo apenas ódio nesse olhar.

Apaixonei-me por um sonho inconcreto
que me contraria fados e desejos
e se esconde nos meus medos mais secretos
disfarçado em esperança nos teus beijos…

(Felipa Monteverde)

terça-feira, 9 de março de 2010

Há dias assim...



Há dias assim, que nos deixam sós
A alma vazia, a mágoa na voz.
Gastamos as mãos, tanto as apertamos…
Já não há palavras, foi de tanto as calarmos…

Há uma canção que não te cantei
Versos por rimar, poemas que nunca inventei…
Quem nos pôs assim a vida rasgada?
Quem te me levou roubou-me a alma
Mas de ti… não sabe nada…

Há dias assim, não há que esconder
Recear palavras, amar ou sofrer
Ocultar sentidos, fingir que não há…
Há dias perdidos entre cá e lá…

Sei que um dia saberás
Que a vida é uma só
Não volta atrás…

Há uma canção que não te cantei
Versos por rimar, poemas que nunca inventei…
Quem nos pôs assim a vida rasgada?
Quem te me levou roubou-me a alma
Mas de ti… não sabe nada…

(letra e música de Augusto Madureira, interpretação de Filipa Azevedo, canção vencedora do Festival RTP da Canção 2010 e que representará Portugal no Eurofestival da Canção, em Oslo (Noruega) no próximo mês de Maio)

segunda-feira, 8 de março de 2010

8 de Março - Dia Internacional da Mulher


É suposto pensar
Que no Dia da Mulher
Ela há-de festejar
Por mulher ser.

Mas o que festejar?!
A ingratidão
A desilusão
A muda escravidão?
A falta de ter
Liberdade
Amizade
Própria vontade?

Quem vai festejar
Por ser mulher?
Para quê fingir
E esconder
Que ser mulher
É só sofrer
E se iludir?...

(Felipa Monteverde)

sábado, 6 de março de 2010

Rasteira

A vida passou-me uma rasteira
Rasou todo o remorso que eu sentia
Na dúvida que a minh’alma conhecia
Na prisão onde me deixou prisioneira.

A vida fugiu de onde eu estava
Roubou tudo o que eu era e o que fui
E transformou-se em rio onde não flui
O sentido que eu outrora conhecera…
Outrora…
Onde existiu quem eu amava.

(Felipa Monteverde)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Cansei-me de ser eu

Cansei-me de ser eu
num existir silencioso e ausente
e saí do meu corpo
à procura de morada noutro porto
ou alma mais ardente.

Por aí andei, numa busca incessante
que se prolongou eternidades.
Eu nada encontrava
do que tanto procurava
impelida por razões e más verdades.

Procurei ser outro tu
ser outro ele ou ela ou alguém
que fosse diferente do que sou
que fosse alma e desejo que me dou
e me fosse refúgio e casto bem.

Mas nada encontrei
nada encontrei que preenchesse
este vazio que me enche o peito
e me fustiga a alma e o preceito
de ser e existir quando morresse.

Hoje contento-me em apenas ser
em existir neste silêncio que sufoca
as lágrimas que choro sem chorar
e os enganos que sofri só por te amar…
A tua ausência é o meu modo de ser louca.

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Última tarde

Que tarde, meu Deus! Que eflúvios.
De sons, de aromas, de Luz!
Que doce melancolia;
Que vaga, estranha magia,
Aqui me prende, e seduz.

Tudo me fala! Até as flores
Com o ar triste de quem sente
Findarem ternos afectos,
Volvem os olhos inquietos
Quando eu passo tristemente.

Lá na faixa do horizonte
De rosa e oiro tingida,
O Sol dum rubro pisado,
Lança-lhe um olhar magoado,
- Um olhar de despedida.

Ouvem-se notas dolentes
Num terno adeus a vibrar;
Oh! Ilusão doce e santa!
Não sei se é Schubert que canta,
Ou se é a minha alma a chorar.

Funchal! Eu talvez não mais
Te veja, - terra de encantos!
- Mas as auras hão-de vir
Assim sempre repetir
Meus tristes, saudosos cantos.

(João Reis Gomes (escritor madeirense)
in «Canto da Ilha»;
org. de José António Gonçalves;
Programa da celebração dos 20 Anos
do Centro Regional RTP – Madeira, 1992)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Não sei mentir

Não sei mentir passados que não nego
nos espaços escondidos do meu peito
mas a ninguém contarei o meu segredo
guardá-lo-ei de um modo insuspeito.

Não sei mentir as noites de luar
em que estrelas eram teus olhos brilhando
nossas almas passarinhos a voar
nosso amor ansiedades já chegando.

Não sei mentir lembranças que mantenho
no fundo do meu peito de mulher
mas o tempo e a distância são o lenho
em que o fogo deste amor irá arder…

(Felipa Monteverde)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O mar levou a minha alma

O mar levou a minha alma e eu renasci dentro da concha que encontraste numa praia onde choravas...

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Todos os sonhos que sonhei

Todos os sonhos que sonhei
se transformaram
em areia ressequida
de praias onde nunca caminhei…

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Silêncio e caminho

Rasguei a noite no silêncio de um mau dia
apaguei a candeia e chorei
adormecendo uma dor que não sentia
e sofrendo tantas outras que calei...

Percebi, no silêncio vazio dessa hora
em que a tristeza te sonha,
mágoas e segredos que alguém chora
lavando as faces negras da vergonha.

Inconsciente, fui entrando pela noite
num sonho clandestino e obscuro...
Que o silêncio é o tempo em que te foste
e um caminho onde ainda te procuro…

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou se desfaço,
- Não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

CECÍLIA MEIRELES

(Em http://blog.sitedepoesias.com.br/poemas/motivo/)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um poema da Rosa

Primeiro a tua mão sobre o meu seio.
Depois o pé – o meu – sobre o teu pé.
Logo o roçar ardente do joelho
E o ventre mais à frente na maré.

É a onda do ombro que se instala.
É a linha do dorso que se inscreve.
A mão agora impõe, já não embala
Mas o beijo é carícia, de tão leve.

O corpo roda: quer mais pele, mais quente.
A boca exige: quer mais sal, mais morno.
Já não há gesto que se não invente
Ímpeto que não ache um abandono.

Então já a maré subiu de vez.
É todo o mar que inunda a nossa cama.
Afogados de amor e de nudez
Somos a maré alta de quem ama.

Por fim o sono calmo, que não é
Senão ternura, intimidade, enleio:
O meu pé descansando no teu pé,
A tua mão dormindo no meu seio.

ROSA LOBATO DE FARIA

(Rosa Lobato de Faria faleceu hoje, aos 77 anos. Uma grande perda para a literatura portuguesa.)

Não sei falar da realidade

Não sei falar da realidade
Só de sonho
E é nele que me ponho
Quando esta dor me invade.

Esta dor de existir
Que não é dor concreta
Mas um doer no sentir…
Como diz qualquer poeta.

Então, nunca descrevo penas
Ou as dores que sinto;
Entro num sonho, apenas
E assim sonhando… minto.

E choro, descrevo mágoas
Sentidas na alma… não
As minhas, que essas guardo-as
Bem fundo, no coração…

E nunca, nunca as mostro
Nunca ninguém as viu
São das uvas o mosto
Que a roda feriu.

Não sei desabafar, só padecer.
Contá-lo? Não me atrevo.
Há quem beba pra esquecer
Eu escrevo.

Por isso, não tenham dó
Não chorem estas penas
Que aqui lêem… elas são só
Ilusões, irrealidade, apenas…

Porque as minhas dores, essas
Permanecem escondidas
Aguardando as promessas
Há muito esquecidas…

(Felipa Monteverde)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Tenho a certeza de ser eu

Tenho a certeza de ser eu
E a incerteza de não saber quem sou...

Rato, foca, rosmaninho
Planta, pedra, cogumelo
Cavalo que corre ao vento
Flor de cacto ou azevinho
Quem sou eu?

Serei a pedra cinzenta
Que atiraste a alguém
Nos confins da eternidade
E já não recordas bem?

Serei tempo inacabado
De flores nunca colhidas
Nas intempéries da vida
Nas encostas da montanha
No azul do céu sem fim
No sol ardente que passa
Sem me aquecer a mim?

Tenho a certeza de ser eu
E a incerteza de não saber quem sou...

Mas ninguém me esclarece
A dúvida que me atormenta:
Vivo sem ser o que sou
Sou sem ser o que já sou?
Eu nunca fui ciumenta
Da vida que não me amou…

Tenho a certeza de ser eu
E a incerteza de não saber quem sou…

Mas ninguém me dá resposta
Nem um sinalzinho mostra
De entender isto que sou.

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

 Recados Para Orkut
Afirmas que brigamos. Que foi grave.
Que o que dissemos já não tem perdão.
Que vais deixar aí a tua chave
E vais à cave içar o teu malão.

Mas como destrinçar os nossos bens?
Que livro? Que lembranças? Que papel?
Os meus olhos, bem vês, és tu que os tens.
Não te devolvo – é minha – a tua pele.

Achei ali um sonho muito velho,
Não sei se o queres levar, já está no fio.
E o teu casaco roto, aquele vermelho
Que eu costumo vestir quando está frio?

E a planta que eu comprei e tu regavas?
E o sol que dá no quarto de manhã?
É meu o teu cachorro que eu tratava?
É teu o meu canteiro de hortelã?

A qual de nós pertence este destino?
Este beijo era meu? Ou já não era?
E o que faço das praias que não vimos?
Das marés que estão lá à nossa espera?

Dividimos ao meio as madrugadas?
E a falésia das tardes de Novembro?
E as sonatas que ouvimos de mãos dadas?

De quem é esta briga? Não me lembro.

(ROSA LOBATO DE FARIA)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Queixas

Fui-me queixar aos segredos
Que me inundavam a alma
De paixões e de degredos
Em que a razão não se acalma
Mas nenhum deles entende
O meu sofrer e penar
Nenhum deles compreende
As razões de me eu queixar.

Queixei-me então às marés
Que me levavam saudades
Dos males que alguém me fez
Dos sonhos e tempestades
Que me inundavam o peito
Que me afogavam em dor
Mas as marés, sem respeito
Calaram todo este ardor
Com que ardia o meu queixume
Com que ardia o meu penar
E apagaram esse lume
E mandaram-me calar…

Fui-me queixar aos teus beijos
Que tardavam em chegar
Do lume dos meus desejos
Que não queres apagar
Mas os teus beijos fugiram
Não me quiseram ouvir
Quando chorando me viram
Recusaram consentir
Em serem ouvidos moucos
Para a dor dos olhos meus
Que todos os ais são poucos
Para as dores de um adeus.

Queixei-me então à tristeza
Que me entristecia a mente
Que me iludia a incerteza
De não te amar realmente
Mas a tristeza mandou
Que eu me deixasse de queixas
Que todo o bem que ansiou
Era o amor que me deixas
E recusou-se por isso
A ouvir queixumes meus
Porque o sentido era omisso
Nos seus sentidos ateus.

Deixei-me então de queixumes
Que ninguém os entendia
Ninguém percebe os ciúmes
De alguém que não os sentia…
Todas as queixas que eu tinha
Se baseavam na crença
Que o meu sentir adivinha
Mas só na tua presença
E se atrofia na alma
E me ilude o pensar
Num sacrifício sem palma
Constante no meu penar…

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Quase um lápis

Há uma fantasia no meu peito que me persegue a noite e adormece os sentidos
enquanto um sonho disforme se transforma em ais e suspiros de dor e agonia
em cada dia que desperto para a vida solitária que me ofereces

Não ignoro o desespero
nem este medo ancestral de te perder dentro da vida que prefiro ignorar
em vez de te pedir e implorar a perpétua presença
ardor de fisicamente te desejar e mentalmente te odiar

Why don’t you come back? You know I’m waiting for you…

Quase um lápis, quase uma caneta
que gastei a escrever as penas de um amor ambicioso e demente
que se atirou ao mar e adormeceu numa vaga de ciúme e ventania
perdendo-se de mim e deste tempo agreste que atravesso no meu sonho…

(Felipa Monteverde)

sábado, 16 de janeiro de 2010

De nuevo un adiós

Me volviste a decir adiós e yo me quedé muy triste
Mis ojos se bañaran e lavaran mis ilusiones e deseos...

Ahora yo lo sé que tus besos no serán más míos
tus manos no más se quedaran junto a las mías
tus brazos nunca más estarán alrededor de mi cuerpo...

Yo me quedaré hasta la eternidad
esperando por una sola sonrisa tuya
o, quizá
por una sola mirada tuya para mi…

Pero no, yo nunca te diré adiós...

(Felipa Monteverde)

Não sou especialista em Língua Espanhola, desculpem os erros que possa haver.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

textos grandes
Uma grande verdade...

A menina

A menina sorria e ninguém retribuía
Ninguém olhava e ninguém reparava
No sorriso triste dessa menina contente
Aparentemente.

A menina olhava mas ninguém a via
Ninguém percebia o que ela pretendia
Ao olhar assim a gente
Indefinidamente.

Sorriu mais uma vez… ninguém reparou
Nesse sorriso triste de criança alegre.
Ninguém viu
E ninguém retribuiu…

Ela chorou então toda a tristeza
Que sentia no seu peito de menina.
Mas mandaram-na calar
(ninguém gosta de ouvir crianças a chorar…)

E a menina sorriu… sorriu para as pessoas
E chorou interiormente a sua mágoa
A mágoa de não ser sempre visível.

E achou toda essa gente tão risível
Que de toda a gente riu
Interiormente…

(Felipa Monteverde)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Te regalo

Yo te regalo una cancion de amor,
para que me recuerdes;
para que me olvides tambien.
recuerda que me quisiste
olvida que soy perfecta,
pues no lo fui, ni lo sere
pero si te quise y te quiero
mas no fue suficiente para ser tuya
para no compartirte con nadie
para retenerte a mi lado.

Yo te regalo un corazon
para que aprendas a amar
y para que aprendas lo que es sufrir
cuando el amor no se reconoce
cuando el amor es traicionero
mentiroso y falso.
Te regalo mi corazon
para que lo pongas en el vacio
que tienes en tu pecho
para que sientas lo que yo senti por ti.

Te regalo la luz de mis ojos
para que veas el sendero correcto
para que veas mi dolor
luego te dare más luz
para que veas mis huellas desaparecer
del sendero de tu vida.
Dejare de estar escrita en tu destino
solo sere una más de tu historia
en cambio tu para mi seras
mi vida entera en un recuerdo de amor.

Sabes; aun deseo lo mejor para ti
no quiero que te vuelvas a equivocar
por eso te regalare tambien
el significado de amar
te dare fuerzas, te dare pasion
te dare sueños, te dare respuestas
te dare felicidad.
A cambio solo pido poder olvidar
Olvidar que te conoci y que te quise
olvidar que fui parte de tu vida

Despues de regalar todo lo que fui
y entregar lo que necesitas
he descubierto
que lo mejor para ti no soy yo
y que tu no lo eres para mi
Por eso solo pido
que me obsequies algo cambio.
Espero no arrepentirme de lo que deseo
mas en este instante
deseo simplemente tu felicidad

(Desconheço o autor. Este belíssimo poema foi publicado por Coca BF. em: confesi0nes.blogspot.com
Tentei enviar um comentário a pedir permissão de publicar aqui e perguntar se foi a própria que escreveu mas não tem comentários activados.)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Soluço

Gritei um poema no silêncio e
o ar tornou-se irrespirável, como se
a aurora tivesse renascido em
aragem ou bafo quente saído da minha boca.

Olhei e era o mar
era a praia, as marés
o Verão de um tempo ausente
que deu à costa e morreu.

Gritei um poema... e em silêncio me quedei
a soluçar cantigas, serenatas
de paixões que ninguém sente e
se trauteiam por aí.

E o silêncio era a voz
que no meu peito ainda chama
por aqueles que eram nós...

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

As minhas asas

Eu tinha umas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Que em me eu cansando da Terra
Batia-as, voava ao céu.
- Eram brancas, brancas, brancas
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas
Por isso voava ao céu.

Veio a cobiça da Terra
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
- Veio a ambição, co’as grandezas
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.

Porque as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da Terra
Batia-as, voava ao céu.

Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas
E já suspenso da Terra
Ia voar para elas,
- Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas…
Vi entre a névoa da Terra
Outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Para a Terra me pesavam
Já não se erguiam ao céu.

Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores…
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
- Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.

E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram…
Nunca mais voei ao céu.

(ALMEIDA GARRETT)

sábado, 2 de janeiro de 2010

É Ano Novo

É Ano Novo
tempo de renovação
tempo de promessas e delírios
em renovadas formas de paixão.

É Ano Novo
já do velho ano me despeço
supõe-se novo início, nova aurora
nova vida e novo recomeço.

É Ano Novo
mas a vida continua
a ser a mesma coisa rotineira
que me aborrece e cansa e me põe nua
num caminho feito de poeira.

É Ano Novo
mas tudo é velho em minha alma triste
que se esconde entre sonhos e desejos
envoltos em obscura azelhice...

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Deus sabe melhor do que eu

Deus sabe melhor do que eu
Quem eu sou
Por isso a sorte que me deu
É aquela em que melhor estou.

Ele sabe quem sou e alinha
As minhas acções
De uma forma que não é minha
Mas tem lá suas razões.

(Fernando Pessoa)