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Poeta por inspiração e imposição da alma... Uma pessoa simples, que vive a vida como se fosse a letra de uma canção, o enredo de um filme, a preparação para uma vida superior, à espera da eternidade e do encontro com o Criador.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Última tarde

Que tarde, meu Deus! Que eflúvios.
De sons, de aromas, de Luz!
Que doce melancolia;
Que vaga, estranha magia,
Aqui me prende, e seduz.

Tudo me fala! Até as flores
Com o ar triste de quem sente
Findarem ternos afectos,
Volvem os olhos inquietos
Quando eu passo tristemente.

Lá na faixa do horizonte
De rosa e oiro tingida,
O Sol dum rubro pisado,
Lança-lhe um olhar magoado,
- Um olhar de despedida.

Ouvem-se notas dolentes
Num terno adeus a vibrar;
Oh! Ilusão doce e santa!
Não sei se é Schubert que canta,
Ou se é a minha alma a chorar.

Funchal! Eu talvez não mais
Te veja, - terra de encantos!
- Mas as auras hão-de vir
Assim sempre repetir
Meus tristes, saudosos cantos.

(João Reis Gomes (escritor madeirense)
in «Canto da Ilha»;
org. de José António Gonçalves;
Programa da celebração dos 20 Anos
do Centro Regional RTP – Madeira, 1992)

2 comentários:

Miguel Afonso disse...

Bela poesia, de um autor que eu desconhecia.
Nestes tempos conturbados que se vivem na Ilha, recordar as tardes do Funchal é um bálsamo que alivia a dor pelos amigos e pessoas que sofreram perdas irreparáveis.
Quando puder, eu visitarei novamente a Ilha da Madeira...

Felipa Monteverde disse...

Levar-me-ás contigo?