Talvez todo o tempo do mundo não chegasse
para aquela lagartinha subir o muro. Era
um muro alto. Era uma lagarta pequenina.
Ela iniciou a subida e não se assustou. Nem
com a altura do muro nem com o calor do meio-dia.
Ia subindo, subindo, ligeira na sua lentidão.
Subia, subia. O sol também subia e brilhava.
Lesto aquele pássaro também subiu, procurando
comida. Viu a lagartinha e desceu, acabou-lhe
com a subida. E ela, que nada a assustava,
também não teve medo ao pássaro. Sentiu
simplesmente que se apagou o sol.
Felipa Monteverde
VI ANTOLOGIA DE POETAS LUSÓFONOS
Folheto Edições & Design