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Poeta por inspiração e imposição da alma... Uma pessoa simples, que vive a vida como se fosse a letra de uma canção, o enredo de um filme, a preparação para uma vida superior, à espera da eternidade e do encontro com o Criador.

domingo, 22 de novembro de 2009

Setembro

Setembro foi o mês em que os sonhos se diluíram em
conversas de café, neblina feita de fumos de cigarros e
esperanças difusas e agressivas
que passavam pela mente de quem te amava e não queria...
Era Setembro, e bastou-me ouvir o som das
primeiras chuvas nos vidros da janela para entender
que tudo entre nós havia terminado.

O nosso amor foi para ti apenas um encontro de Verão
de passeios pela praia e conversas ao luar
mas eu ainda recordo os bailes
no salão da Comissão de Festas da Senhora do Mar
em que dançámos pela primeira vez, as idas ao
café da dona Alice, que nos recebia coscuvilhando sobre
a tua familia, a tua terra e o teu trabalho; e a desilusão
nos olhos da Cindinha quando começámos o namoro,
quando andámos de mãos dadas pela primeira vez...

Ainda recordo o doce sabor do teu beijo, o
calor do teu abraço e o odor que exalavas,
mistura de After-shave e de fumo de cigarro. Recordo
todos os nossos passeios, as nossas conversas e até
aquela vez em que o Rodrigo te escondeu a bicicleta
e tu pensaste que fui eu, para que não fosses embora e
ficasses comigo até mais tarde...
Recordo tudo tão nitidamente que às vezes sinto que
a vida me atou a esse tempo e me aprisionou a esse amor.
E recordo o dia em que partiste e tudo acabou.

Era Setembro quando foste embora,
quando acabaste as férias e partiste para sempre. Não,
não penses que guardo mágoas ou rancor, apenas sinto
de quando em vez esta saudade que me rouba ao presente
e me transporta àquele tempo,
àquele Verão em que Setembro foi o fim...

(Felipa Monteverde)

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