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Poeta por inspiração e imposição da alma... Uma pessoa simples, que vive a vida como se fosse a letra de uma canção, o enredo de um filme, a preparação para uma vida superior, à espera da eternidade e do encontro com o Criador.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

As minhas asas

Eu tinha umas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Que em me eu cansando da Terra
Batia-as, voava ao céu.
- Eram brancas, brancas, brancas
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas
Por isso voava ao céu.

Veio a cobiça da Terra
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
- Veio a ambição, co’as grandezas
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.

Porque as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da Terra
Batia-as, voava ao céu.

Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas
E já suspenso da Terra
Ia voar para elas,
- Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas…
Vi entre a névoa da Terra
Outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Para a Terra me pesavam
Já não se erguiam ao céu.

Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores…
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
- Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.

E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram…
Nunca mais voei ao céu.

(ALMEIDA GARRETT)

1 comentário:

Tathiane Galdino disse...

Estou retribuindo a sua visita ao meu blog. Obrigada por seus elogios e comentários tão pertinentes. Parabéns Pela escolha das poesias postadas! São todas lindas e de muito bom gosto.

Um grande beijo!

Tathiane Galdino