Há pessoas que são lapas.
Apegam-se-nos, agarram-se.
Sugam o que podem e o que não queremos dar.
Lapas.
Mas nós não somos rochas. Não
aguentamos durante muito tempo
sermos sugados, tolhidos nos movimentos.
E sacudimos essas lapas, afastamo-nos
desse mar. Ou tentamos...
Felipa Monteverde
Acerca de mim

- Felipa Monteverde
- Poeta por inspiração e imposição da alma... Uma pessoa simples, que vive a vida como se fosse a letra de uma canção, o enredo de um filme, a preparação para uma vida superior, à espera da eternidade e do encontro com o Criador.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Ausência
Chamei-te meu amor e era silêncio, na paisagem
dos teus olhos percorri lugares que fantasiei.
Não sei os caminhos que escolhes, sei que o medo
de perder-te faz de mim quem não me sei.
Não conheço a maré que te trouxe à minha praia, o mar
onde navegam os teus sonhos não tem rotas conhecidas.
Meu amor de nenhum tempo, onde a areia onde dormias
onde o barco onde quiseste embarcar?
Já não sei o tempo, o feitio de um amor mais que perfeito
que era sonho e era vida. Chamei-te meu amor e era o medo
silenciando as dores de perder-te, calando as palavras
já mortas e ressequidas além tempo.
Outrora éramos nós, fomos tão nós... tão juntos
tão intensamente unidos... Hoje somos apenas
o silêncio, o cansaço de uma noite, a nostalgia
feita das saudades mais serenas.
Ainda te chamo amor... baixinho, tão baixinho
que nem o meu coração ouve. Perdi-me
no silêncio, na madrugada fria em que adormeço
sentindo-te comigo e tão ausente.
Felipa Monteverde
dos teus olhos percorri lugares que fantasiei.
Não sei os caminhos que escolhes, sei que o medo
de perder-te faz de mim quem não me sei.
Não conheço a maré que te trouxe à minha praia, o mar
onde navegam os teus sonhos não tem rotas conhecidas.
Meu amor de nenhum tempo, onde a areia onde dormias
onde o barco onde quiseste embarcar?
Já não sei o tempo, o feitio de um amor mais que perfeito
que era sonho e era vida. Chamei-te meu amor e era o medo
silenciando as dores de perder-te, calando as palavras
já mortas e ressequidas além tempo.
Outrora éramos nós, fomos tão nós... tão juntos
tão intensamente unidos... Hoje somos apenas
o silêncio, o cansaço de uma noite, a nostalgia
feita das saudades mais serenas.
Ainda te chamo amor... baixinho, tão baixinho
que nem o meu coração ouve. Perdi-me
no silêncio, na madrugada fria em que adormeço
sentindo-te comigo e tão ausente.
Felipa Monteverde
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
O livro da Dulce
Lembro-me de, na Quaresma de 2012, durante a Caminhada que fizemos com alguns amigos, cada um no respetivo blogue, a Dulce ter postado num dos seus dias um poema que me agradou muito, tanto que o incluí na Via-Sacra rezada na minha paróquia, quando foi a minha vez de a organizar. O poema da Dulce foi lido como oração final, por toda a assembleia, apresentado num trabalho de Powerpoint produzido para o efeito.
Não me espanta que a Dulce tenha publicado os seus trabalhos, dada a qualidade dos seus escritos. E espero que este seja o primeiro de muitos, cá aguardamos para os ler.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Pele
Pele.
Orgão do sentido, do tato,
do mimo e do afago. Do abraço,
dos afetos, do desejo secreto ou
demonstrado. Que sente a ternura
do beijo da criança, dá a mão à
esperança, acarinha o velho.
Órgão às vezes maltratado,
ignorado, exposto aos ventos e
marés de toda a vida. Atraiçoado
pelo dono, deixado ao abandono
nas tempestades e vendavais,
sem nenhum barco ou
cais que o abrigue.
Órgão do carinho consentido e
com sentido, sensação, flor,
toque, sensibilidade e dor.
Contacto. O calor, o frio.
Proteção. Sedução. Arrepio.
Felipa Monteverde
(Poema incluído numa brochura da empresa DERMOLUSA para divulgação da sua linha de produtos para a pele, D'AQUA)
Orgão do sentido, do tato,
do mimo e do afago. Do abraço,
dos afetos, do desejo secreto ou
demonstrado. Que sente a ternura
do beijo da criança, dá a mão à
esperança, acarinha o velho.
Órgão às vezes maltratado,
ignorado, exposto aos ventos e
marés de toda a vida. Atraiçoado
pelo dono, deixado ao abandono
nas tempestades e vendavais,
sem nenhum barco ou
cais que o abrigue.
Órgão do carinho consentido e
com sentido, sensação, flor,
toque, sensibilidade e dor.
Contacto. O calor, o frio.
Proteção. Sedução. Arrepio.
Felipa Monteverde
(Poema incluído numa brochura da empresa DERMOLUSA para divulgação da sua linha de produtos para a pele, D'AQUA)
domingo, 3 de novembro de 2013
Vaso quebrado
Penetra-me o coração a espada da amargura
o seu gume rasga a vida que não tenho.
Eu era fogo, que lentamente consumiu o lenho em que ardia.
A cinza recolhida em vaso velho e já cansado era eu dentro do tempo.
Ignorante das dores, houve um tempo.
Depois passou, e o futuro doeu.
Era uma espada. E vieram as dores.
O fogo, já extinto, continuou a arder no tempo
mas já lá não estava eu.
O que eu era não resistiu à espada
que o meu peito exibia e alimentava no seu sangue.
Doía. Sim, doía.
Como dói e mata toda a amargura
que o coração transporta e acalenta.
Fogo. Eu era fogo. Em cinza me tornei.
Um velho vaso já quebrado me guardou a vida
quem o atirou da escada?
o seu gume rasga a vida que não tenho.
Eu era fogo, que lentamente consumiu o lenho em que ardia.
A cinza recolhida em vaso velho e já cansado era eu dentro do tempo.
Ignorante das dores, houve um tempo.
Depois passou, e o futuro doeu.
Era uma espada. E vieram as dores.
O fogo, já extinto, continuou a arder no tempo
mas já lá não estava eu.
O que eu era não resistiu à espada
que o meu peito exibia e alimentava no seu sangue.
Doía. Sim, doía.
Como dói e mata toda a amargura
que o coração transporta e acalenta.
Fogo. Eu era fogo. Em cinza me tornei.
Um velho vaso já quebrado me guardou a vida
quem o atirou da escada?
Felipa Monteverde
(in IV Antologia de Poetas Lusófonos)
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