Que tarde, meu Deus! Que eflúvios.
De sons, de aromas, de Luz!
Que doce melancolia;
Que vaga, estranha magia,
Aqui me prende, e seduz.
Tudo me fala! Até as flores
Com o ar triste de quem sente
Findarem ternos afectos,
Volvem os olhos inquietos
Quando eu passo tristemente.
Lá na faixa do horizonte
De rosa e oiro tingida,
O Sol dum rubro pisado,
Lança-lhe um olhar magoado,
- Um olhar de despedida.
Ouvem-se notas dolentes
Num terno adeus a vibrar;
Oh! Ilusão doce e santa!
Não sei se é Schubert que canta,
Ou se é a minha alma a chorar.
Funchal! Eu talvez não mais
Te veja, - terra de encantos!
- Mas as auras hão-de vir
Assim sempre repetir
Meus tristes, saudosos cantos.
(João Reis Gomes (escritor madeirense)
in «Canto da Ilha»;
org. de José António Gonçalves;
Programa da celebração dos 20 Anos
do Centro Regional RTP – Madeira, 1992)
2 comentários:
Bela poesia, de um autor que eu desconhecia.
Nestes tempos conturbados que se vivem na Ilha, recordar as tardes do Funchal é um bálsamo que alivia a dor pelos amigos e pessoas que sofreram perdas irreparáveis.
Quando puder, eu visitarei novamente a Ilha da Madeira...
Levar-me-ás contigo?
Enviar um comentário