Deus sabe melhor do que eu
Quem eu sou
Por isso a sorte que me deu
É aquela em que melhor estou.
Ele alinha
As minhas acções
De uma forma que não é minha
Mas tem lá suas razões.
(Fernando Pessoa)
Nunca faço planos, vou contornando ou aceitando
o que o destino me traz.
Como diz o ditado: "Guardado está o bocado
para quem o há-de comer".
E "O que tiver de ser à mão vem ter".
Será conformismo, será cobardia, será
experiência de vida, será cansaço, será o que
lhe quiserem chamar, mas é assim que levo a vida
assim a vida me ensinou.
Para um novo ano, como para os anos anteriores
apenas tenho esperanças... quanto
a concretizações, dali a um ano falaremos.
Tenho uma filosofia de vida: mais vale rir e cantar enquanto
podemos, que o tempo de chorar nunca se esquece de vir.
E chorar não traz ganho nenhum, mas rir e cantar
traz-nos boa disposição.
Com este poema de Fernando Pessoa me identifico bastante
e me consolo quando a vida me trai, quando parece que o
mundo e Deus estão contra mim.
Mas, ao fim e ao cabo, verifico que tudo tem um lado bom
e um lado mau. Procuro retirar sempre das coisas más todo
o bem que possam trazer, por mínimo que seja.
No primeiro dia de cada ano
enquanto a euforia dos festejos dessa noite se desvanece
medito a lembrança de conquistas e sucessos, de falhanços e
derrotas, de mágoas e alegrias, vividas durante o ano que passou.
E chego à conclusão de que a vida vale mesmo a pena ser vivida
pois nunca há uma fome que não dê em fartura
um choro que não acabe em riso
uma tristeza que mate de vez a alegria.
E é essa esperança cheia de (in)certezas que faz com que
o sol nasça de novo todos os dias e as andorinhas continuem
a ser prenúncio de primavera, ainda que mais tarde cheguem
a noite e o inverno...
Felipa Monteverde