Acerca de mim

A minha foto
Poeta por inspiração e imposição da alma... Uma pessoa simples, que vive a vida como se fosse a letra de uma canção, o enredo de um filme, a preparação para uma vida superior, à espera da eternidade e do encontro com o Criador.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Nasci a cantar

Antigamente houve uma menina
Há muito tempo
E essa menina agora é uma lembrança
Plangente de lamento.

Nasci a cantar
Nasci a cantar
Escondei-me a desgraça
Não quero chorar.

Antigamente eu era uma menina
Há demasiado tempo
E essa lembrança esconde-se entre lírios
De um jardim de tormento.

Nasci para rir
Nasci para rir
Quem dera a tristeza
Não queira cá vir.

Antigamente tudo era sonho e sina
Onde se escoava o tempo
E nunca como agora me surgia na lembrança
Um só sonho, um só momento.

Nasci tão alegre
Nasci tão alegre
Deixai-me assim estar
Que a vida é tão breve.

Antigamente houve uma menina
Nascida de um lamento
Lembrança fugidia, casto lírio
Plangente e sem alento.

Nasci a sorrir
Nasci a sorrir
Meu sorriso é fado
Que estou a cumprir.

Antigamente eu era uma menina
Mas foi há tanto tempo
Que perdi toda a lembrança e toda a mágoa
De um sonho que hoje invento.

Nasci a cantar
Nasci a cantar
As mágoas e penas
Que estou a penar…
(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ave à solta

Encontrei o teu coração
que andava por aí perdido
e trouxe-o comigo.
Agasalhei-o
dei-lhe aconchego e calor
curei-o da solidão e da tristeza
e depois deixei-o ir
ave à solta no universo do amor…

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Natal não é ornamento

O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade

O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande

O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções

O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará

(José Tolentino Mendonça)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

É NATAL!


A toda a minha familia e amigos, a todas as pessoas que visitam os meus blogues e a toda a gente em geral, desejo um FELIZ NATAL!
(Eu sei que ainda é cedo, mas com os afazeres da Ceia de amanhã não sei se terei tempo de vir ao blog, por isso desde já aqui ficam os meus votos de Feliz Natal para toda a gente.)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Tempo

Às vezes o tempo é apenas tempo, outras vezes é tudo o que resta da saudade...
e a vida é sempre o tempo, até que chegue a eternidade.

Eternidade, intemporal espaço de uma esfera de esperança
em que o tempo é apenas brincadeira de criança...

Felipa Monteverde

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Andei à chuva e ao vento

Andei à chuva e ao vento
andei ao sabor da vida
perdi meu sonho no tempo
e quedei-me adormecida
dormindo sonos de outrora
sonhando versos de amor
com a alma sempre fora
do meu peito e nesta dor
de embalar melancolias
de lembrar tempos passados
na distância desses dias
que de mim foram tirados
pela vida, pelo tempo
pelo sonho, pela dor
de viver cada momento
lembrando um defunto amor...

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Barquinho que vais passando

Barquinho que vais passando
No rio da minha terra
Quantos sonhos vais levando
Quantas marés vais matando
Como se foras pra guerra?

Lentamente, lentamente
Olho o rio e olho o mar
Na distância de um batel
Que nunca me leva nele
Por ter medo ao meu olhar.

Olha o barco sem barqueiro
Que vai vogando no rio
Onde está o marinheiro
Destemido e aventureiro
Que matará meu fastio?

O rio passa e não passa
Só eu passo e ele não
Que meu sonho o embaraça
E ele finge ser vidraça
Com cortinas de ilusão.

Olho o barco, olho o rio
Olho as vagas uma a uma
Será que aguento o fastio
Sem temor nem arrepios
De vogar por esta bruma?

Tanta bruma e nevoeiro
Que engolem o meu barquinho
Onde está o marinheiro
Destemido e aventureiro
Que guiará seu caminho?

Lentamente vai vogando
De encontro às marés
Que me chamam, pranteando
Os sonhos que vou deixando
Nas quimeras que não vês…

(Felipa Monteverde)

Nuvens correndo num rio

Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!

Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.

Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?

Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?

Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.

(Natália Correia)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

As cordas vibrando

As cordas vibrando
Pelo toque dos meus dedos
São choro, são pranto
Nos teus olhos tão negros.

São sonho, são fado
São mistério, são dor
As cordas vibrando
Vão chorando por nosso amor.

Meu amor, meu fado
Minha canção e frágua
Estas cordas vibrando
Vão chorando a minha mágoa.

Mágoa e desespero
De deixar uns olhos que amei
Teus olhos tão negros
São segredos que nem eu sei.

(Felipa Monteverde)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Hoje estive a pensar em ti

Hoje estive a pensar em ti
E recordei momentos que passaram:
Os dias tristes, em que te não vi
E os mais alegres que ficaram
Deste amor, desta fantasia
De te amar, de te amar sem fim
Dentro de mim
Onde és eternidades e refrãos
De cantigas de amor
Madrigais
E poemas de Camões
Lírica dos teus beijos
Nas ondas dos meus desejos
Maré cheia dos teus fados
Que vives longe de mim…

Hoje estive a pensar em ti
E recordei passeios ao luar
Em jardins e madrugadas
Que guardo dentro do peito
Como um sonho por sonhar
Na distância e na lonjura
Que me mata a cada dia
Que passo longe de ti
Tão longe de quem tu eras
E tão perto da loucura
De te amar perdidamente
Insanamente esperando
O que não me queres dar
Por nada teres pra dar...

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Solidão

A solidão, por vezes, torna-nos tão idiotas e crentes que até pensamos que é verdadeiro e nos é realmente dirigido o sorriso da vendedora no Shopping...
mas é apenas dirigido à nossa carteira, nada mais...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O passarinho

O passarinho que brincava na estrada
e que passava em brincadeira
como sempre, à minha beira
começou a procurar o sentido de amar
e não saber a quem amar
nem o porquê de o procurar.

O passarinho que eu via da janela
na tigela e na bebida que se bebe de fugida
(porque o medo tira a sede
e o desgosto de quem bebe)
sem sentir que na garganta
se espanta um sorriso
que não mostra quem não gosta de beber
(só de matar aquela sede
de esquecer quem não se quer)
o passarinho procurou o que não via
e não sentia, nessa sede que o perdia.

E eu já vi um passarinho
sem ter asas nem ter ninho
mas com penas, muitas penas, que penava
ao procurar sem encontrar
o que queria e desejava:
um caminho,
um carinho que buscava e ansiava.

Mas apenas encontrava
(no destino e na sorte que não tinha
e no desgosto de não ser um passarinho
não ter asas, não ter ninho)
os desgostos de uma vida a acumular
na procura de uma escolha a decifrar…

(Felipa Monteverde)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

As manhãs de Setembro

Esta manhã
acordei saudosa das manhãs de Setembro
em que acordava cedo e receosa de que tivesses partido.
A despedida era sempre dolorosa e
por isso não te despedias, abalavas de mansinho
sem que eu pressentisse,
sem que me apercebesse de que
deixavas o meu mundo e partias para o teu,
que me era inalcançável. Que me era
misterioso e tão apetecido como o mar…

Mas
esta manhã acordei com saudades
saudades desse tempo de incertezas, porque
hoje as certezas são previsíveis e eternas.
Hoje sei que partiste e já não voltas, que
jamais regressarás do teu mundo para o meu…
E a minha cama está tão fria e tão vazia do
calor com que o teu corpo me aquecia…

(Felipa Monteverde)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Apatia


no amor que guardo
dentro do peito
uma
apatia
tão grande em
relação
ao tempo em que
ainda
te amo
que já nem sei
se existo
em ti
ou
tu em
mim
ou eu
em
nós...

(Felipa Monteverde)

sábado, 5 de dezembro de 2009

Hoje o amor fugiu

Hoje o amor fugiu, evaporou-se em três voltas ao luar
rodopiando amores ao beijar
os filamentos de lua no meu peito;
E fiquei quase esquecida em teu olhar
ao ver que deixavas o amor passar
e nem já recordavas o meu leito...

Passou, passou o tempo de viver
junto de ti numa cantiga mansa
sussurrada de mansinho pelo vento
E eu que sempre esperei poder dizer
que és berço em que a minh'alma descansa
sinto agora toda a dor do desalento.

Hoje o amor fugiu, evaporou-se em três voltas ao luar
rasou pelo meu peito a suspirar
rodopiou no tempo e lá se foi;
E eu aqui fiquei, sentindo a dor de amar
e nem saber sequer o que pensar
de um beijo que não mata e me destrói...

Fugiu, fugiu o amor de mim e me deixou
matando sensações que já nasciam
e em meu peito moravam e dormiam
Matou quem eu já fui e já não sou
e nunca mais direi que me faltou
o tempo, pois no tempo acabariam
os beijos de quem nunca me beijou...

(Felipa Monteverde)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O caracol



"Caracol, caracol, põe os corninhos ao Sol... "


Este desenho acompanha-me desde criança. Não propriamente este, pois foi desenhado há apenas três anos para uma experiência com o Painting, mas uma imagem igual (ou parecida).
Um dia descobri que desenhar caracóis é muito fácil, e bastava acrescentar uma folhinha para compor a coisa. Gostei do resultado. E então desenho caracóis sempre que me apetece fazer um desenho diferente, sem bonecos, florinhas ou corações...

A onda

A onda do mar chegou
mas era apenas um anzol com que eu pescava amores...
atirei-o ao mar das ilusões
mas ficou preso no regaço dos meus sonhos.

E eu fiquei ali, queda e muda olhando o mar
esperando ternuras e marés do teu amor...

Que jamais beijou os meus sentidos
que jamais abraçou a estrela que escondo no meu peito
nem secou jamais as minhas lágrimas
amargas e escurecidas
como a noite em que me deixo adormecer...

(Felipa Monteverde)